Sexto game se foca novamente na ação e continua a se afastar cada vez mais do
estilo que o consagrou.
Por Wilma Emilia
A Capcom investiu pesado na
divulgação de Residente Evil 6. E não foi a toa. O material de divulgação deixava claro que este prometia ser o game mais
épico de toda a franquia em uma trama de proporções apocalípticas e um
acontecimento que simplesmente enlouqueceria os fãs: O encontro pela primeiríssima
vez de Chris Redfield e Leon Kennedy, dois dos personagens
mais queridos da série. As novidades não parariam por aí: antigos personagens
retornariam e outros novos seriam introduzidos na trama. Na jogabilidade,
finalmente os apêlos dos fãs foram atendidos e agora os personagens podem andar e
fazer outras coisas ao mesmo tempo, como atirar e recarregar suas armas. Além
disso novos movimentos foram introduzidos, como o tiro rápido e a capacidade de
deslizar, deixando o controle dos personagens mais dinâmico. No conteúdo extra,
além do tradicional 'Mercenários', ainda
tem o ‘Caça a Agente’, onde o jogador fica no controle de uma das criaturas do
game com a missão de deixar a vida do controlador do protagonista mais difícil.
O modo Co-op foi mantido com algumas poucas mudanças. No modo single player o seu parceiro raramente é
ferido, diminuindo as chances da missão falhar. Já no modo Co-op online é necessário
ficar atento aos apuros do parceiro ou do contrario é fim de jogo.
Chris e Leon se encontram em Resident Evil 6 |
A história se passa durante os anos de 2012 à 2013 onde uma onda de ataques
bioterroristas assola diferentes pontos do mundo, cabendo aos nossos protagonistas
a árdua missão de impedir que o mundo entre em colapso vítima desses ataques. Na trama, o Agente Leon Scott Kenedy precisa
sobreviver junto com a agente Helena
Harper a um ataque biológico que transformou mais de setenta mil pessoas em
zumbis na cidade de Tall Oaks. Chris
desaparece por seis meses após um ataque bioterrorista que o deixou sem memória
e o transformou em uma pessoa amargurada quando é encontrado por Piers Nivans, seu fiel e habilidoso soldado que agora suplica que o ex-Capitão volte à ativa.
Já Jake Muller é filho do ex-vilão Albert Wesker e herdou a imunidade aos efeitos
do C-vírus - um novo tipo de vírus que transforma as vítimas em criaturas chamadas J’avos
- o que o torna essencial para a descoberta de uma cura para livrar a
humanidade dos efeitos do vírus. Jake
acaba sendo caçado impiedosamente por Ustanak,
arma biológica enviada pela Neo Umbrella que tem planos de potencializar o C-vírus
com o sangue de Jake. A agente do governo Sherry Birkin é enviada pelo Conselheiro
de Segurança Nacional Derek Simons com a
missão de manter Jake sob proteção. Já Ada Wong age sorrateiramente, investigando quem está por
traz da Neo Umbrella. As histórias se interligam e é necessário terminar todas
as quatro campanhas para efetivamente compreender o que está acontecendo.
Leon encarando a zumbizada |
Tradicionalmente as tramas de Resident Evil são muito competentes mas não impecáveis, e em Resident Evil 6 não é
diferente. Algumas situações no game não condizem com a verossimilhança que o game procura mostrar.
Por exemplo, como a segurança de Sherry Birkin preocupa tanto Leon e Jake Muller
se ela tem capacidade regenerativa e em teoria não precisa de proteção? Leon e
Helena são os personagens mais sortudos do mundo porque sobrevivem a qualquer
acidente, seja ele em terra, céu ou mar? E o que dizer de Jack Muller,
personagem que passa o game inteiro
fugindo de Ustanak e no fim sai na porrada com ele? Mesmo tendo uma explicação para as habilidades do rapaz - muito pouco
convincente por sinal, mas isso é uma outra história - ainda assim isso foi ilógico.
Todos os personagens principais de Resident Evil 6 |
O game ainda apresenta alguns
bugs escandalosos, principalmente quando se joga o modo Mercenários on line onde zumbis
com cabeças esmagadas ainda continuam a lhe atacar e lhe causam dano, isso
quando não interrompe um combo que estava prestes a chegar em 100. Personagens
atravessam objetos e zumbis atravessam o chão. Mas nada supera a câmera que
precisa ser ajustada todo o tempo para poder acompanhar o personagem, e 'dança',
isso mesmo, a câmera D-A-N-Ç-A quando os
personagens realizam certos ataques físicos.
E preparem os seus dedos para
realizar intermináveis e irritantes Qtes (comandos que o jogador tem que realizar em curto período de tempo) e frustrar-se quando não aparecer o Qte para fazer um counter e acabar não conseguindo impedir
que uma criatura lhe acerte um ataque feroz. Ou ainda quando aparece um Qte para ser executado na velocidade da luz e tudo que dá tempo de fazer é ver o seu personagem morrer porque não conseguiu o executar a tempo.
O jogo foi dividido em três campanhas
principais e uma adicional que é desbloqueada após o término das três primeiras. A Capcom prometia um jogo com quatro estilos diferentes nas campanhas, mas a diferença entre uma e outra é pouca, justamente porque a ação
desenfreada predomina em todas as campanhas.
Modo Mercenários. Cuidado com a mordida dos zumbis sem cabeça. |
Execute o Qte ou morra |
Ada Wong em sua campanha |
Por mais que os gráficos apresentaram
melhoras, como os detalhes do suor, as gotas de chuva que caem nos personagens, as
roupas que se molham ou que se sujam, alguns belos cenários como a do Cemitério
na campanha do Leon e a instalação totalmente branca da Neo Umbrella na
campanha de Jake, ainda assim muita
coisa ficou a desejar. Basta ver o cabelo de massa de modelar da filha do
zelador da Universidade Ivy de Tall Oaks ou as sombras dos personagens que
parecem ter vida própria que você saberá do que estou falando.
Nada que permanece na mesmice
dura muito tempo. A Capcom parece
apreciar essa idéia e está sempre buscando inovar em seus games. Nada de
errado. Porém essa busca por inovação também é aplicada à sua franquia de games
mais bem sucedida –Resident Evil. O que por um lado agradou a muitos, por
outro essa evolução na jogabilidade do game passou a significar um
distanciamento cada vez mais crescente do gênero que o consagrou: o survivor horror. O horror de sobrevivência.
Algo semelhante ao que se vê nos episódios da série The Walking Dead. Os jogos de Resident Evil eram significado de
sustos, suspense, mistério, inteligência, humanidade. Hoje significa tiros,
ação, socos, chutes e tiros, tiros e mais tiros. Antigos fãs mais conservadores abandonarão a
sua série de games favorita em razão disso. Novos fãs surgirão e provavelmente
não sentirão falta de como esses games já foram realmente bons. Resident Evil 6
definitivamente não é um game ruim pois cumpre o seu propósito de divertir.
Porém Resident Evil 6 é um produto genérico por assim dizer. O verdadeiro Resident Evil está em algum lugar na geladeira da
Capcom e tudo indica que não o veremos
por um bom tempo, não enquanto a ambição dos produtores por fazer um game
basicamente popular os motivar a fazer games como Resident Evil 6...
Nota: 3,0