quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Resident Evil 6 – Crítica


Sexto game se foca novamente na ação  e continua a se afastar cada vez mais do estilo que o consagrou.

Por Wilma Emilia


A Capcom investiu pesado na divulgação de Residente Evil 6. E não foi a toa. O material de divulgação deixava claro que este prometia ser o game mais épico de toda a franquia em uma trama de proporções apocalípticas e um acontecimento que simplesmente enlouqueceria os fãs: O encontro pela primeiríssima vez de Chris Redfield e Leon Kennedy,  dois dos personagens mais queridos da série. As novidades não parariam por aí: antigos personagens retornariam e outros novos seriam introduzidos na trama. Na jogabilidade, finalmente os apêlos dos fãs foram atendidos e agora os personagens podem andar e fazer outras coisas ao mesmo tempo, como atirar e recarregar suas armas. Além disso novos movimentos foram introduzidos, como o tiro rápido e a capacidade de deslizar, deixando o controle dos personagens mais dinâmico. No conteúdo extra, além do tradicional 'Mercenários',  ainda tem o ‘Caça a Agente’, onde o jogador fica no controle de uma das criaturas do game com a missão de deixar a vida do controlador do protagonista mais difícil. O modo Co-op foi mantido com algumas poucas mudanças. No modo single player o seu parceiro raramente é ferido, diminuindo as chances da missão falhar. Já no modo Co-op online é necessário ficar atento aos apuros do parceiro ou do contrario é fim de jogo.

Chris e Leon se encontram em Resident Evil 6
A história se passa  durante os  anos de 2012 à 2013 onde uma onda de ataques bioterroristas assola diferentes pontos do mundo, cabendo aos nossos protagonistas a árdua missão de impedir que o mundo entre em colapso vítima desses ataques.  Na trama, o Agente Leon Scott Kenedy precisa sobreviver  junto com a agente Helena Harper a um ataque biológico que transformou mais de setenta mil pessoas em zumbis na cidade de Tall Oaks. Chris desaparece por seis meses após um ataque bioterrorista que o deixou sem memória e o transformou em uma pessoa amargurada quando é encontrado por Piers Nivans, seu fiel e habilidoso soldado que agora suplica que o ex-Capitão volte à ativa. Já Jake Muller é filho do ex-vilão Albert Wesker e herdou a imunidade aos efeitos do C-vírus - um novo tipo de vírus que transforma as vítimas em criaturas chamadas J’avos - o que o torna essencial para a descoberta de uma cura para livrar a humanidade dos efeitos do vírus.  Jake acaba sendo  caçado impiedosamente por Ustanak, arma biológica enviada pela Neo Umbrella que tem planos de potencializar o C-vírus com o sangue de Jake. A agente do governo Sherry Birkin é enviada pelo Conselheiro de Segurança Nacional Derek Simons  com a missão de manter Jake sob proteção. Já Ada Wong  age sorrateiramente, investigando quem está por traz da Neo Umbrella. As histórias se interligam e é necessário terminar todas as quatro campanhas para efetivamente compreender o que está acontecendo.

Leon encarando a zumbizada
Tradicionalmente as tramas de Resident Evil são muito competentes mas não impecáveis, e em Resident Evil 6 não é diferente. Algumas situações no game não condizem com a verossimilhança que o game procura mostrar. Por exemplo, como a segurança de Sherry Birkin preocupa tanto Leon e Jake Muller se ela tem capacidade regenerativa e em teoria não precisa de proteção? Leon e Helena são os personagens mais sortudos do mundo porque sobrevivem a qualquer acidente, seja ele em terra, céu ou mar? E o que dizer de Jack Muller, personagem  que passa o game inteiro fugindo de Ustanak e no fim sai na porrada com ele? Mesmo tendo uma explicação  para as habilidades do rapaz - muito pouco convincente por sinal, mas isso é uma outra história -  ainda assim isso foi ilógico.

Todos os personagens principais de Resident Evil 6
O game ainda apresenta alguns bugs escandalosos, principalmente quando se joga o modo Mercenários on line onde zumbis com cabeças esmagadas ainda continuam a lhe atacar e lhe causam dano, isso quando não interrompe um combo que estava prestes a chegar em 100. Personagens atravessam objetos e zumbis atravessam o chão. Mas nada supera a câmera que precisa ser ajustada todo o tempo para poder acompanhar o personagem, e 'dança', isso mesmo, a câmera D-A-N-Ç-A  quando os personagens realizam certos ataques físicos.

Modo Mercenários. Cuidado com a mordida dos zumbis sem cabeça.
E preparem os seus dedos para realizar intermináveis e irritantes Qtes (comandos que o jogador tem que realizar em curto período de tempo) e frustrar-se quando não aparecer o Qte para fazer um counter e acabar não conseguindo impedir que uma criatura lhe acerte um ataque feroz. Ou ainda quando aparece um Qte para ser executado na velocidade da luz e tudo que dá tempo de fazer é ver o seu personagem morrer porque não conseguiu o executar a tempo.


Execute o Qte ou morra

O jogo foi dividido em três campanhas principais e uma adicional que é desbloqueada após o término das três primeiras. A Capcom prometia um jogo com quatro estilos diferentes nas campanhas, mas a diferença entre uma e outra é pouca, justamente porque a ação desenfreada predomina em todas as campanhas.


Ada Wong em sua campanha

Por mais que os gráficos apresentaram  melhoras, como os detalhes do suor, as gotas de chuva que caem nos personagens, as roupas que se molham ou que se sujam, alguns belos cenários como a do Cemitério na campanha do Leon e a instalação totalmente branca da Neo Umbrella na campanha de Jake,  ainda assim muita coisa ficou a desejar. Basta ver o cabelo de massa de modelar da filha do zelador da Universidade Ivy de Tall Oaks ou as sombras dos personagens que parecem ter vida própria que você saberá do que estou falando.



Nada que permanece na mesmice dura muito tempo. A  Capcom parece apreciar essa idéia e está sempre buscando inovar em seus games. Nada de errado. Porém essa busca por inovação também é aplicada à sua franquia de games mais bem sucedida –Resident Evil. O que por um lado agradou a muitos, por outro essa evolução na jogabilidade do game passou a significar um distanciamento cada vez mais crescente do gênero que o consagrou: o survivor horror. O horror de sobrevivência. Algo semelhante ao que se vê nos episódios da série The Walking Dead. Os jogos de Resident Evil eram significado de sustos, suspense, mistério, inteligência, humanidade. Hoje significa tiros, ação, socos, chutes e tiros, tiros e mais tiros. Antigos fãs mais conservadores abandonarão a sua série de games favorita em razão disso. Novos fãs surgirão e provavelmente não sentirão falta de como esses games já foram realmente bons. Resident Evil 6 definitivamente não é um game ruim pois cumpre o seu propósito de divertir. Porém Resident Evil 6 é um produto genérico por assim dizer. O verdadeiro Resident Evil  está em algum lugar na geladeira da Capcom e tudo indica  que não o veremos por um bom tempo, não enquanto a ambição dos produtores por fazer um game basicamente popular os motivar a fazer  games como Resident Evil 6...

Nota: 3,0







domingo, 2 de dezembro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha – Critica

'Com grandes poderes veem grandes responsabilidades'. Sony, aprenda com o Tio Ben!

Por Wilma Emilia.




É difícil escrever sobre este novo Homem-Aranha sem comparar com a trilogia de Raimi, mas inevitavelmente comparando... É estranho sentir nostalgia em uma franquia que sofreu um reboot dez anos após a sua estreia - ainda mais quando o último filme deixou um gosto de quero mais. Por mais que Homem-Aranha 3 tenha tido as suas falhas grotescas ainda foi um filme capaz de emocionar no final - confesso que algumas lágrimas cairam na cena da morte de um certo personagem. Uma trilogia se encerrou mas outra poderia muito bem dar continuidade à saga do herói sem precisar de um reboot tão cedo. Aliás para que um reboot contando a origem do herói se até uma criança sabe como tudo aconteceu?
 
Esse é justamente o problema que o Espetacular Homem-Aranha teve que enfrentar. A necessidade de se desvincular de seus antecessores que estão tão frescos na memória de quem os assistiu fez com que realmente tudo mudasse. Nada aqui lembrará os filmes de Raimi, a atmosfera é mais densa, o clima mais sombrio, porém o resultado final deixa a desejar. Algumas coisas dos quadrinhos foram introduzidas como Gwen Stacy, a primeira namorada do herói, os lançadores de teia, o vilão Lagarto, e o Capitão Stacy, pai de Gwen, Norman Osborn, além do Tio ben e da Tia May. Esses elementos são um prato cheio para os fãs do aracnideo e talvez sejam capazes de confundi-los sobre a real qualidade da adaptação, mas a realidade é que por mais que tenha elementos fiéis aos quadrinhos e por mais que tenha se esforçado o filme falha em ser inovador, algo que teria que o ser por obrigação já que está à sombra dos filmes de Raimi.
 
 
 
Em o Espetacular Homem-Aranha somos apresentados à um Peter Parker   assombrado pelo trauma do desaparecimento misterioso de seus pais ainda quando criança, o que acaba por motivar a sua busca por respostas.  A sua busca o leva ao Dr. Kurt Connors, cientista que estuda  os efeitos da regeneração de células  em animais (aparentemente motivado pela sua própria deficiência) e que possui  uma ligação com os pais de Peter.  Coincidência ou não (sim!), as pistas deixadas pelos pais de Peter também o leva à Oscorp, empresa que financia os experimentos do Dr. Connors, onde o cientista também é pressionado a encontrar a cura de uma doença terminal para o fundador da Oscorp, Norman Osborn.  Coincidência ou não (yes!), Gwen Stacy, garota por quem Peter se sente atraido, é estagiária chefe na Oscorp.  Ao se infiltrar na Oscorp, a presença sem autorização de Peter passa despercebida por todos exceto...por Gwen Stacy  que por conhecê-lo faz vista grossa à presença do rapaz no local. Ao espionar um laboratório da Oscorp o rapaz acaba picado por uma aranha alterada geneticamente e pouco depois descobre que adquiriu habilidades semelhantes às das aranhas.  
 
 
Tudo na vida de Peter parece ter caído do céu, o garoto não é mais o azarado que pena para conseguir o seu lugar ao sol e sim o maior sortudo do mundo.  Até mesmo a idéia para a criação do uniforme parece ter caído do céu...não, minto, Peter caiu em cima da 'idéia'.  Não que as coincidências não existam na origem do herói nos quadrinhos(e até mesmo na origem do filme de Sam Raimi), mas se a idéia era tornar a origem verossímil, que ao menos passassem longe de coincidências.
Até que o problema das coincidências não se tornam tão graves diante da evolução de Peter no filme. O personagem carece de evolução porque já é uma pessoa forte por natureza desde o início do filme. A partir da morte do Tio Ben, que diferença fez quando ele se tornou o Homem-Aranha além das mudanças físicas?  O que mudou em sua personalidade, além do fato de ser um grande piadista quando veste a mascara?  E pior, em algumas piadas acaba parecendo um arrogante pretencioso. As piadas sempre foram uma característica do Homem-Aranha nos quadrinhos mas aqui algumas se tornam forçadas, e preciso dizer que me lembrou aquelas piadas infames dos Power Rangers( pelo fato destes também usarem mascaras eu acho).
Por falar em máscaras outra coisa irritante foi o fato de Peter ser visto a cada cinco segundos por qualquer cidadão de Nova York sem a mascara no filme, o que torna o ato de tirar a máscara (algo tão importante no mundo dos super-heróis), algo meramente banal. O vilão Lagarto - embora tivesse enorme potencial - acabou se tornando pouco memorável devido ao péssimo desenvolvimento do personagem.
O filme não foi um desastre total, visualmente (muito pouco em essência devido à todos os agravantes supracitados) este Homem-Aranha 'É' o Homem-Aranha dos quadrinhos. O uniforme diferente não estraga as poses arrojadas e dinâmicas características do herói nos quadrinhos. A ação eletrizante e os efeitos especiais são os melhores feitos para um filme do aracnídeo até hoje.  No quesito ação e diversão é um filme gostoso de ver.  Uma coisa que definitivamente irá agradar aos fãs é a existencia dos lançadores de teia, assessório que o Homem Aranha sempre usou nas histórias em quadrinhos. Os atores também estão bem e fazem o que podem diante de um roteiro cansativo e cheio de furos.
Como uma trilogia já foi confirmada, talvez os furos no roteiro façam algum sentido...ou não. Mas todo fã do teioso sabe que um acontecimento importantíssimo nos quadrinhos envolvendo a namorada de Peter, Gwen Stacy, provavelmente deva acontecer em algum dos dois filmes restantes, e que vale a pena aguardar pelas próximas continuações de O Espetacular Homem-Aranha...mas claro, dependendo de acertarem a mão nos roteiros vindouros da trilogia.

 O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-man).
Diretor: Marc Webb.
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field.
Duração: 137 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Ação
Nota: 3,5 (Três frames e meio)

 
 

 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge – Crítica


Por: Wilma Emilia
 
'Um herói pode ser qualquer um, mesmo um homem fazendo algo tão simples e reconfortante quanto colocar um casaco nos ombros de um menino para que ele saiba que o mundo não acabou.'
Em certo momento do filme, eis que alguém cita uma bela frase (e, por que não, uma bela homenagem), capaz de fazer qualquer um refletir sobre a importância dos verdadeiros heróis da vida real: o policial, o bombeiro, o médico, o professor, eu, você...até mesmo aquele de quem não se espera nada, até mesmo...um ladrão - nesse caso pode ser uma certa ladra.  E o fato de um herói em carne e osso citar essa frase, torna a mensagem épica e inesquecível. Um herói pode ser qualquer um, mas a tragédia conspirou para que Bruce Wayne se tornasse o Batman, um herói com o diferencial de usar armadura, tecnologia e técnicas de luta.
 
 
Em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman: The Dark Knight Rises), oito anos passaram-se após os eventos de Batman: O Cavaleiro das Trevas, onde o Batman passou a ser um foragido da justiça quando assumiu a culpa pelos crimes que o promotor Harvey Dent cometeu, após enlouquecer graças a um plano do vilão Coringa. Aposentando o seu alter-ego, Bruce Wayne passa a levar uma vida reclusa em sua própria mansão. Um novo vilão, Bane, surge, e Bruce se vê obrigado a voltar a agir como o Batman (para a nossa alegria). Bane  mostra a que veio logo no inicio do filme onde somos apresentados à todo o seu vigor, sua postura ameaçadora...e a toda a sua crueldade. Outra que dá as caras é uma personagem bem conhecida: Selina Kyle, vulgo Mulher-Gato. Embora não haja menção ao nome 'Mulher-Gato', com o couro preto, mascara e 'orelhinhas' é possível inferir quem seja a personagem. As novidades não param por aí e outros dois novos personagens com papéis importantes também dão o ar da graça: o policial John Blake e a milionária Miranda Tate. Aquele, paralelamente, tenta impedir que o plano de Bane de destruir Gotham obtenha êxito. Esta, um novo (e misterioso) interesse amoroso de Bruce Wayne. Porém é a relação conflituosa e ao mesmo tempo divertida entre Bruce Wayne e Selina Kyle que funciona perfeitamente no filme. Ver o medonho Batman totalmente desconcertado diante de uma Mulher-Gato ladra e sacana não tem preço. Um raro alívio cômico que funcionou muito bem no filme sem ofuscar a sua costumeira dramaticidade.
 
A trilha de Hans Zimer é estonteante e empolga toda vez que é tocada seja em cenas de ação, seja em cenas de teor mais dramático. A melodia que lembra uma marcha para a  guerra (presente em todos os filmes) dá o tom épico que o filme necessita. As cenas de ação,  embora as vezes não sejam tão espetaculares assim, acabam de fato se tornando devido a trilha avassaladora.
O elenco também está em perfeita sintonia. Christian Bale interpreta um Bruce Wayne que sofre com o peso de suas escolhas e de seu enclausuramento. Após oito anos sem atuar como o Batman, seu  vigor físico já não é mais o mesmo e parece que nem a sua astúcia. O que o deixa vulnerável aos 'encantos' de uma certa ladra por exemplo.  Bale entendeu que esse Bruce Wayne envelheceu e está fora de forma mas logo estaria em ação, e soube equilibrar a atuação nas diferentes fases da personagem. Todos queriam saber se a Mulher-Gato de Anne Hateway seria páreo para a lendária Mulher-Gato de Michele Pfeiffer de Batman: O Retorno e a resposta é: Digamos que a abordagem de Nolan explorou o lado mais interessante da mulher-gato: o lado ladra. Ao contrario da Selina Kyle de Batman: O Retorno que era muito mais 'Mulher-Gato'(vai me dizer que você não lembra que só o que ela sabia fazer com maestria no filme era lamber coisas?) do que qualquer outra coisa, o que descaracterizou um pouco a personagem. Em matéria de atuação eu diria que as duas estão em pé de igualdade por que ambas representaram os seus papéis de acordo com a realidade de seus filmes: Em Batman: O Retorno, o Diretor Tim Burton tornou o mundo do Batman fantasioso e caricato, enquanto o Diretor Christopher Nolan fez o mundo de seu Batman realista e sombrio. Michael Caine, ator que interpreta o mordomo Alfred é responsável pelos momentos mais emocionantes do filme. A relação Pai e filho entre o mordomo e o patrão é um dos pontos altos do longa. Morgan Freeman, reprisa o seu papel de Lucius Fox, fiel amigo de Bruce Wayne...e fornecedor do arsenal do Batman. A única que não parece ter entendido a essência de sua personagem foi a atriz Marion Cotilard. Sua personagem, Miranda Tate, passa por mudanças dramáticas no filme, no entanto (faça chuva ou faça sol) a fisionomia da atriz continua a mesma durante todo o filme.
 
É comum os últimos filmes de trilogias perderem o fôlego e decepcionarem, mas Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, encerra com chave de ouro a trilogia dirigida por Christopher Nolan. Nolan deu ao seu Batman um inicio, meio e fim perfeitamente plausíveis. Nos filmes da trilogia foram vistos desde filosofias ('Não é quem eu sou por dentro, mas o que eu faço que me define')à lições de vida('Por que caímos, Bruce? Para aprendermos a nos levantar!'), e ainda faz refletir sobre o papel de cada um na sociedade ('Um herói pode ser qualquer um, mesmo um homem fazendo algo tão simples e reconfortante quanto colocar um casaco nos ombros de um menino para que ele saiba que o mundo não acabou.').
 
O Batman não é somente alguém fantasiado. Por baixo da máscara e da armadura existe um homem com caráter e princípios. Um homem que passou a usar o medo para fazer justiça com as próprias mãos. A fantasia assustadora,  o codinome e a voz aterradora são essenciais para reforçar esse medo...e também a lenda.
 
Nota: Cinco frames (5,0)

Batman: O Cavaleiro das trevas resurge (Batman: The dark knight rises)
EUA , 2012 - 164 min.
Ação.
 
Direção: Christopher Nolan
Roteiro:
Christopher Nolan, Jonathan Nolan, David Goyer 
   
Elenco:
Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Michael Caine.

 

domingo, 16 de setembro de 2012

Resident Evil Retribuição – Crítica.

Quinto filme da franquia surpreende e consegue ser melhor que todos os anteriores.



Por Wilma Emilia.




Raros são os filmes que conseguem sobreviver à um verdadeiro massacre da crítica e ainda assim ser sucesso de bilheteria. A franquia de filmes Resident Evil é um desses raros exemplos. Se por um lado a franquia é odiada pela maioria dos fãs do game ao qual é baseada pela falta de fidelidade, por outro também conquistou a sua cota de fãs apaixonados e um público constante e crescente. Com orçamentos medianos, os longas conseguem triplicar os seus custos nas bilheterias ganhando uma sequência após outra, tornando-se a adaptação de game mais lucrativa de que se tem notícia. Na contramão do sucesso financeiro, os filmes são tradicionalmente um festival de altos e baixos com roteiros medíocres, direções incompetentes, personagens coadjuvantes inúteis, atuações rasas entre outras coisas. Além de pecar como adaptação, os filmes também vinham pecando como obra cinematográfica  e os seus dias no cinema pareciam contados.

Os filmes anteriores continham idéias interessantes, porém, era na hora de executar essas idéias que o resultado final decepcionava.  Apesar do resultado quase sempre insatisfatório, os desfechos dos filmes abriam as portas para uma história completamente diferente a cada sequência dando boas possibilidades de reparar os erros dos filmes anteriores, o que levava os mais otimistas a acreditarem que um dia a história de Alice e Cia entraria nos eixos – ou não. Todos queriam (e ainda querem) saber o desfecho da saga de Alice, porque o Diretor Paul W. S. Anderson aprendeu a atiçar a curiosidade do espectador encerrando cada filme com um gancho espetacular para a sequência (embora o filme em questão não fosse tão bom assim), deixando todos ansiosos para o próximo capítulo da série. Residente Evil Retribuição,mantém a tradição de todos os filmes anteriores, contando mais uma história que se passa em ritmo frenético, porém, desta vez, ganha pontos por abrir espaço para tratar a sua protagonista com dignidade.


O longa se inicia exatamente de onde Resident Evil: Recomeço terminou, com um exército da Umbrella prestes a atacar o navio Arcadia onde Alice e seus companheiros estavam. Durante o ataque Alice é ferida e aprisionada em um complexo submerso da Umbrella. Liderando as tropas da Umbrella está a Chefe de Segurança Jill Valentine, antiga aliada de Alice e agora controlada pela Umbrella através de um dispositivo em forma de escaravelho fixo em seu peito. Alice consegue fugir com a ajuda de Ada Wong, uma agente infiltrada na Umbrella a mando de Albert Wesker, e passa a ser perseguida pela empresa criadora de armas biológicas. O complexo da Umbrella tem tecnologia capaz de simular grandes metrópoles do mundo e o grande parte do filme se passa em simulações das cidades de Nova York, Moscou e Tóquio, todos monitorados e controlados pela inteligência artificial Rainha Vermelha. A Umbrella ainda mantém uma fábrica de clones para servirem de cobaias em seus testes com armas biológicas, e daí o surgimento de clones de antigos aliados de Alice: One, Carlos e Rain, personagens mortos em filmes anteriores.

A trama ainda se abarrota um pouco mais de personagens com Leon, Luther e Barry  como aliados de Alice contra a Umbrella, mas é na criança Becky que reside um grande acerto da produção: o uso da criança como instrumento para a humanização da protagonista. Nos filmes anteriores Alice destruía tudo a sua frente com um piscar de olhos, dava grandes saltos, grandes golpes, muitos tiros, mas era necessário algo para transformá-la em alguém mais que uma arma de combate. Tradicionalmente os feitos de Alice soavam como caricatos, ela era uma heroína invencível, e o fato de resolver todos os problemas durante os filmes (sem ou com pouquíssima ajuda dos coadjuvantes) transformavam-na num ser supremo, porém inverossímil, e a ausência de sentimentos só piorava as coisas. E é na relação materna que Alice tem com a garotinha Becky que o filme ganha pontos chegando a ser cativante a luta da protagonista para proteger a criança. Alice nunca esteve tão humana quanto neste filme: ela chora, é irônica, sangra, apanha, abraça uma criancinha...claro, ela não deixa de fazer as estripulias impossíveis  de costume, mas com a introdução de “sentimentos” a personagem se aproximou da verossimilhança e é possível temer pelo seu destino. Embora os personagens coadjuvantes ainda continuem sendo usados indiscriminadamente como escadas para a ascensão de Alice, desta vez a importância da protagonista não parece forçada justamente pela idéia de humanizá-la. 

Por outro lado, Jill Valentine(uma das personagens mais queridas dos games Resident Evil), tem todo o seu processo de humanização abafado( obviamente para deixar espaço para a relação entre Alice e Becky), o seu potencial como antagonista é prejudicado pelo excesso de personagens coadjuvantes, e a sua participação por pouco não se resume a “entrar muda e sair calada”. Jill é uma gladiadora na falta de um termo melhor e protagoniza a melhor sequência do filme num combate brutal contra Alice. A relação com  Alice é esquecida no filme e Jill não esboça nenhuma relutância em atacar a antiga aliada, a não ser em determinado momento do filme, em uma mudança de fisionomia por milésimos de segundo, mas à essa altura já não era o suficiente para humanizar a personagem. O roteiro ainda escorrega (para variar) e faz Alice desferir ataques mortais em Jill, sendo que Alice parece ter ciência de que a amiga está sob controle da Umbrella.
 
A introdução de clones de personagens mortos dos filmes anteriores no longa também foi algo totalmente desnecessário e o filme poderia muito bem seguir sem eles. A volta de clones de Rain se deve ao fato de um desejo do diretor Paul W. S. Anderson de trazer a atriz Michelle Rodrigues de volta à franquia. Michelle Rodrigues tem lá o seu carisma mas mesmo assim a sua volta encarnando duas clones (uma ‘boa’ e outra ‘má’)também não faria muita diferença para a trama, pois novos personagens poderiam ser introduzidos no lugar dos clones tranquilamente.


Se por um lado há uma oscilação no roteiro – que tradicionalmente tem muitas falhas e incoerências - a limitação é compensada pelas cenas de ação que são a melhor atração do filme. Paul W. S. Anderson é conhecido por saber fazer como ninguém cenas de ação, todas são um show à parte e garantem a diversão. A combinação de cenas de suspense, horror, ação e extrema violência remetem ao clima dos games, algo que já não acontecia desde Resident Evil: O Hóspede maldito. Aproveitando o clima dos games, o filme também emula o esquema dos chefes de fases em cada cenário simulado pela Rainha Vermelha. Ainda presentes, as cenas em slow motion foram severamente reduzidas em relação ao filme anterior Resident Evil: Recomeço, o que evitou que o recurso se tornasse enfadonho. O 3D se firma como um dos melhores da atualidade. Mais uma vez temos grandes machados, tiros, partículas, chuva, neve e sangue vindos em nossa direção como se fossem verdadeiros. Embora ainda perca boas oportunidades de explorar todo o potencial do enredo, as cenas de ação(especialmente feitas para explorar o excelente 3D), as coreografias de luta, as referências ao clima dos games e o acerto na transformação de Alice em uma heroína imparável, porém falível e provida de sentimentos que transformam Resident Evil: Retribuição no melhor filme de toda a série e diversão garantida aos amantes de um bom filme de ação.


                     Resident Evil Retribuição (Resident Evil: Retribution)                   
Alemanha / Canadá, 2012 - 95 min
             Ação / Horror
    Direção e Roteiro    
Paul W.S. Anderson
   
Elenco:
Milla Jovovich, Sienna Guillory, Shawn Roberts, Michelle Rodriguez, Li Bingbing,

Nota: Três frames (3,0)