terça-feira, 30 de julho de 2013

Resident Evil Revelations – Crítica

Uma aula de como se fazer um bom Resident Evil.
Por Wilma Emilia


Qualquer fâ de Residente Evil sabe que a franquia consagrou-se pela sua proposta inicial: Ser um game de Survivor Horror, com protagonistas humanos, porém fortes, que penam para sobreviver em um ambiente claustrofóbico cheio de inimigos bizarros e ameaçadores. Essa fórmula, porém, foi se perdendo game após game, onde o foco no horror acabou se rendendo ao foco na ação. Observa-se isso claramente nos dois últimos games da franquia, Resident Evil 5 e Resident Evil 6. Este último, apesar de ter lá as suas virtudes, foi o game que definitivamente deixou de lado o tão aclamado horror de sobrevivência, para jogar na cara do jogador doses cavalares de ação no melhor estilo hollywoodiano. Nem mesmo a campanha com os clássicos zumbis (na campanha do Leon) escapou de cenas de capotamentos de carros, ônibus, trens, quedas de avião e helicópteros, e todo meio de transporte possível de ser capotado ou explodido, obviamente para chamar atenção dos fãs do cinema...digo fãs dos games. O Resultado, bem, digamos que se Resident Evil 6 mal conseguiu enganar os fãs da geração shooter, imaginem os fãs das antigas e os críticos.

Cara de Jill ao ver o que a Capcom fez em Resident Evil 6.
Paralelamente à Residente Evil 6, a Capcom também tinha outro projeto, bem mais discreto e não tão badalado quanto seu último game numerado, mas que prometia resgatar o gênero Survivor Horror que um dia foram a marca registrada da série.
Lançado originalmente para o game portátil Nintendo 3DS, Resident Evil Revelations foi relançado em versão HD pouco mais de um ano depois para as plataformas Xbox 360, Playstation 3 e PC. O apelo dos fãs juntamente com a chuva de elogios da critica, foi decisivo para que a Capcom reconsiderasse o seu projeto inicial que seria manter o game exclusivo para o Nintendo 3DS, a exemplo do que aconteceu com Resident Evil Remake e Residente Evil 0 que permaneceram exclusivos para o Game Cube até hoje. E é a versão do Xbox 360, a qual tive a oportunidade de jogar, que a análise a seguir foi feita.

Oozes, inimigos padrão do jogo.
Resident Evil Revelations se passa entre os games 4 e 5 da franquia e mostra sua protagonista clássica, Jill Valentine - acompanhada de um novo parceiro, Parker Lucciani - a bordo do Navio Queen Zenobia em busca de seu velho parceiro Chris Redfield, dado como desaparecido no misterioso navio. Este, porém, não é um Navio comum, está abandonado e cheio de B.O.W’s (armas biológicas), chamadas Oozes. Boa parte da trama se passa no Queen Zenobia, onde você controla Jill Valentine mas outros personagens serão controlados no decorrer do jogo, como Chris Redfield, Parker e os também agentes da BSAA, Quint e Keith.

Jill tentando entender porque os coadjuvantes tem mais importância do que ela no game.
Mas não se iludam: Embora controlada em boa parte do jogo, Jill não terá um papel de peso aqui. Sua função no jogo é apenas sobreviver e ir em busca de seu parceiro Chris Redfield. A trama deixa um pouco de lado os seus protagonistas clássicos e direciona todas as atenções para os personagens em volta deles, como Morgan e Obrian, Parker e Jessica, Quint e Keith, Raymond...todos esses personagens contam a história do jogo e resta a Jill ser apenas a heroína determinada de sempre, não mais que isso. Se Resident Evil 6 teve os seus acertos, foi justamente na importância que cada protagonista teve na trama bem como o seu envolvimento emocional diante do que acontecia ao redor. Revelations fica devendo essa atenção para seus protagonistas, principalmente para Jill, que em teoria é a personagem central do jogo.

Jill e Chris ao lado dos personagens principais do jogo e...Wait...!
Antes de avaliar aspectos como gráficos e efeitos sonoros, vale lembrar que Revelations  foi feito originalmente pra ser rodado em um portátil, e a sua conversão para as plataformas foi muito competente, porém não foi perfeita. Alguns locais do cenário poderão ser vistos em baixa resolução enquanto outros com uma riqueza de detalhes e cores impressionantes. Os personagens também estão muito bem graficamente e raramente bugs serão percebidos. As cutscenes ficam devendo uma maior expressividade no rosto dos personagens. Chris Redfield, por exemplo, terá sempre cara de mal. Jill alterna entre caras de surpresa e seriedade.

Chris com cara de mal. Jill com cara de séria.
Em determinados momentos do jogo (principalmente dentro de elevadores) pequenas travadas acontecerão quando se movimenta o personagem, mas não se preocupem isso é normal. Isso acontece devido a solução que a Capcom utilizou para disfarçar a famigerada tela de loading entre um cenário e outro. As travadas nada mais são do que o próprio jogo carregando um cenário logo adiante.

Momento em que o jogo dará aquelas travadinhas básicas.
A jogabilidade foi um avanço em relação ao seu antecessor Resident Evil 5, mas não chega a ser tão livre quanto a de Residente Evil 6. Em Revelations é possível andar e atirar, algo que fez muita falta em RE 5. Há um sistema de esquiva útil na maioria das vezes, mas nem sempre funciona quando se precisa. Outra novidade é o sistema de aprimoramento de armas, onde de acordo com as peças encontradas pelo cenário é possível deixar a sua arma tão poderosa que somente com um ou dois tiros é possível matar uma B.O.W.

A edição de som não é tão boa, os sons das armas e explosões parecem ter sido retirados de Resident Evil 3, por exemplo. Já a trilha sonora que embala certos chefes e ambientes é fantástica. As trilhas de suspense são perfeitas para a ambientação amedrontadora do navio. Algumas trilhas são tão marcantes que você dificilmente as esquecerá, como a trilha do final de cada capitulo, a do saguão e a do chefe final. Aliás toda trilha sonora se encaixa perfeitamente no clima do jogo.

Resident Evil Revelations disponibiliza apenas dois modos extras. Um é o Infernal Mode, onde o número de inimigos triplica, é muito mais dificil derrotá-los e o dano ao ser atingido é devastador. Se jogar esse modo com as armas já conquistadas e otimizadas após zerar a versão normal, você não terá tanto trabalho para derrotar as B.O.W’s. A munição e as ervas não é escassa como se pensava, porém o único problema é que, como o número de inimigos é maior, mais munição e ervas terão que ser gastas, o que acaba por deixar o estoque de munição sempre no limite do esgotamento. O jogador precisa redobrar a cautela ao entrar em qualquer compartimento do navio, porque os Oozes podem aparecer em vários locais diferentes. É muito comum estar sempre com a sua arma apontada como forma de precaução para um local onde um Ooze possa atacar. Os cenários tem várias passagens e ângulos de câmera onde o jogador frequentemente é surpreendido pelas criaturas (e isso significa sustos, muito sustos). Em resumo, o Infernal Mode torna a experiência Survivor Horror do game ainda mais intensa e verossímil.

Sobreviva ao Infernal Mode!
O multiplayer do game fica por conta do Raid Mode, que pode ser jogado em modo cooperativo ou single player.O objetivo é chegar até o fim da fase matando no percurso o maior numero de criaturas no menor tempo possível, em missões diferentes á cada cenário. Diferente do tradicional Mercenários a corrida contra o tempo torna-se menos estressante para o jogador. Não há a obrigação de dar golpes físicos nas criaturas e destruir cristais de tempo para conseguir concluir a missão como acontece em Mercenários. Além disso, o modo cooperativo também possui o seu próprio sistema de otimização de armas e é possível comprar armas, munição e ervas. Como no Raid Mode não é possível usar o scanner Gênesis (aparelho usado por alguns personagens para se localizar ervas e munições pelo cenário) do modo campanha, uma loja para a aquisição de suprimentos foi disponibilizada ao jogador que precisa repor o seu estoque.

Personagens jogáveis no Modo Raid
A medida em que se joga nas fases, independente de terminá-la ou não, o nível de experiência do jogador aumenta. Em determinadas fases, porém, a dificuldade em terminar a missão é tão grande que é necessário ter determinado nível de experiencia para jogá-la.. No cenário Navio Fantasma, por exemplo, é exigido o nível 50 de experiência, se tiver menos que será muito difícil terminar esta fase, principalmente se você está jogando sozinho. Novas roupas de personagens do Raid também serão desbloqueadas assim que o jogador concluir certas fases ou conquistar determinada pontuação. As roupas desbloqueadas poderão ser utilizadas no modo campanha também. Embora um pouco mais difícil para se passar dos níveis mais elevados, o modo Single Player do Raid Mode também é muito bom. 

Uma vez que você começa a jogar Revelations em seu modo campanha, será difícil não terminá-lo. O jogo prende a atenção de tal maneira que o jogador não deseja outra coisa senão partir para a próxima missão de Jill Valentine e Cia. A história do jogo, embora transformando os seus protagonistas clássicos em apenas os heróis a salvarem o dia, faz o jogador querer saber como tudo aquilo irá terminar. Os momentos de tensão nos corredores apertados do Queen Zenobia remetem à era de ouro da franquia. Impossível não gostar da ambientação do Navio, com toda aquela arquitetura grandiosa, porém, silencioso, frio e escuro. Amedrontador. Se você procura por inimigos interessantes e bizarros, Revelations tem aos montes. Enfrente o comandante infectado no Deck de lazer que repete a todo instante um chamado de emergência, que você vai saber o que eu estou falando. Rachel em sua versão Ooze é outro inimigo marcante. A personagem faz o estilo Nêmesis e persegue Jill durante momentos difíceis no game. O chefe final é absurdamente difícil de se derrotar mesmo no modo normal, mas isso não o torna menos diverto de se enfrentar.

Rachel Ooze literalmente pegando no pé.
Embora Revelations contenha elementos de ação, não chega a atrapalhar o clima sombrio do jogo. Isso não é nada se levarmos em consideração que os melhores Residente Evil (os primeiros obviamente) sempre tiveram os seus momentos de ação na medida certa, sem exageros como um certo jogo numerado fez recentemente...

Resident Evil Revelations talvez não signifique a salvação da franquia, nem digno de ganhar um prêmio de melhor game do ano, mas conquistou o feito de resgatar a essência de Resident Evil já há algum tempo jogada no limbo. E se a Capcom fizer o seu próximo game numerado baseando-se nos moldes de Revelations, aliado á nova jogabilidade (sim, a jogabilidade de RE 6 é excelente), um envolvimento mais emocional de seus personagens na trama e à tecnologia avançada da mais nova geração de consoles...os games Resident Evil terão tudo para voltar aos seus tempos de glória. 

Nota: 4/5





quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Resident Evil 6 – Crítica


Sexto game se foca novamente na ação  e continua a se afastar cada vez mais do estilo que o consagrou.

Por Wilma Emilia


A Capcom investiu pesado na divulgação de Residente Evil 6. E não foi a toa. O material de divulgação deixava claro que este prometia ser o game mais épico de toda a franquia em uma trama de proporções apocalípticas e um acontecimento que simplesmente enlouqueceria os fãs: O encontro pela primeiríssima vez de Chris Redfield e Leon Kennedy,  dois dos personagens mais queridos da série. As novidades não parariam por aí: antigos personagens retornariam e outros novos seriam introduzidos na trama. Na jogabilidade, finalmente os apêlos dos fãs foram atendidos e agora os personagens podem andar e fazer outras coisas ao mesmo tempo, como atirar e recarregar suas armas. Além disso novos movimentos foram introduzidos, como o tiro rápido e a capacidade de deslizar, deixando o controle dos personagens mais dinâmico. No conteúdo extra, além do tradicional 'Mercenários',  ainda tem o ‘Caça a Agente’, onde o jogador fica no controle de uma das criaturas do game com a missão de deixar a vida do controlador do protagonista mais difícil. O modo Co-op foi mantido com algumas poucas mudanças. No modo single player o seu parceiro raramente é ferido, diminuindo as chances da missão falhar. Já no modo Co-op online é necessário ficar atento aos apuros do parceiro ou do contrario é fim de jogo.

Chris e Leon se encontram em Resident Evil 6
A história se passa  durante os  anos de 2012 à 2013 onde uma onda de ataques bioterroristas assola diferentes pontos do mundo, cabendo aos nossos protagonistas a árdua missão de impedir que o mundo entre em colapso vítima desses ataques.  Na trama, o Agente Leon Scott Kenedy precisa sobreviver  junto com a agente Helena Harper a um ataque biológico que transformou mais de setenta mil pessoas em zumbis na cidade de Tall Oaks. Chris desaparece por seis meses após um ataque bioterrorista que o deixou sem memória e o transformou em uma pessoa amargurada quando é encontrado por Piers Nivans, seu fiel e habilidoso soldado que agora suplica que o ex-Capitão volte à ativa. Já Jake Muller é filho do ex-vilão Albert Wesker e herdou a imunidade aos efeitos do C-vírus - um novo tipo de vírus que transforma as vítimas em criaturas chamadas J’avos - o que o torna essencial para a descoberta de uma cura para livrar a humanidade dos efeitos do vírus.  Jake acaba sendo  caçado impiedosamente por Ustanak, arma biológica enviada pela Neo Umbrella que tem planos de potencializar o C-vírus com o sangue de Jake. A agente do governo Sherry Birkin é enviada pelo Conselheiro de Segurança Nacional Derek Simons  com a missão de manter Jake sob proteção. Já Ada Wong  age sorrateiramente, investigando quem está por traz da Neo Umbrella. As histórias se interligam e é necessário terminar todas as quatro campanhas para efetivamente compreender o que está acontecendo.

Leon encarando a zumbizada
Tradicionalmente as tramas de Resident Evil são muito competentes mas não impecáveis, e em Resident Evil 6 não é diferente. Algumas situações no game não condizem com a verossimilhança que o game procura mostrar. Por exemplo, como a segurança de Sherry Birkin preocupa tanto Leon e Jake Muller se ela tem capacidade regenerativa e em teoria não precisa de proteção? Leon e Helena são os personagens mais sortudos do mundo porque sobrevivem a qualquer acidente, seja ele em terra, céu ou mar? E o que dizer de Jack Muller, personagem  que passa o game inteiro fugindo de Ustanak e no fim sai na porrada com ele? Mesmo tendo uma explicação  para as habilidades do rapaz - muito pouco convincente por sinal, mas isso é uma outra história -  ainda assim isso foi ilógico.

Todos os personagens principais de Resident Evil 6
O game ainda apresenta alguns bugs escandalosos, principalmente quando se joga o modo Mercenários on line onde zumbis com cabeças esmagadas ainda continuam a lhe atacar e lhe causam dano, isso quando não interrompe um combo que estava prestes a chegar em 100. Personagens atravessam objetos e zumbis atravessam o chão. Mas nada supera a câmera que precisa ser ajustada todo o tempo para poder acompanhar o personagem, e 'dança', isso mesmo, a câmera D-A-N-Ç-A  quando os personagens realizam certos ataques físicos.

Modo Mercenários. Cuidado com a mordida dos zumbis sem cabeça.
E preparem os seus dedos para realizar intermináveis e irritantes Qtes (comandos que o jogador tem que realizar em curto período de tempo) e frustrar-se quando não aparecer o Qte para fazer um counter e acabar não conseguindo impedir que uma criatura lhe acerte um ataque feroz. Ou ainda quando aparece um Qte para ser executado na velocidade da luz e tudo que dá tempo de fazer é ver o seu personagem morrer porque não conseguiu o executar a tempo.


Execute o Qte ou morra

O jogo foi dividido em três campanhas principais e uma adicional que é desbloqueada após o término das três primeiras. A Capcom prometia um jogo com quatro estilos diferentes nas campanhas, mas a diferença entre uma e outra é pouca, justamente porque a ação desenfreada predomina em todas as campanhas.


Ada Wong em sua campanha

Por mais que os gráficos apresentaram  melhoras, como os detalhes do suor, as gotas de chuva que caem nos personagens, as roupas que se molham ou que se sujam, alguns belos cenários como a do Cemitério na campanha do Leon e a instalação totalmente branca da Neo Umbrella na campanha de Jake,  ainda assim muita coisa ficou a desejar. Basta ver o cabelo de massa de modelar da filha do zelador da Universidade Ivy de Tall Oaks ou as sombras dos personagens que parecem ter vida própria que você saberá do que estou falando.



Nada que permanece na mesmice dura muito tempo. A  Capcom parece apreciar essa idéia e está sempre buscando inovar em seus games. Nada de errado. Porém essa busca por inovação também é aplicada à sua franquia de games mais bem sucedida –Resident Evil. O que por um lado agradou a muitos, por outro essa evolução na jogabilidade do game passou a significar um distanciamento cada vez mais crescente do gênero que o consagrou: o survivor horror. O horror de sobrevivência. Algo semelhante ao que se vê nos episódios da série The Walking Dead. Os jogos de Resident Evil eram significado de sustos, suspense, mistério, inteligência, humanidade. Hoje significa tiros, ação, socos, chutes e tiros, tiros e mais tiros. Antigos fãs mais conservadores abandonarão a sua série de games favorita em razão disso. Novos fãs surgirão e provavelmente não sentirão falta de como esses games já foram realmente bons. Resident Evil 6 definitivamente não é um game ruim pois cumpre o seu propósito de divertir. Porém Resident Evil 6 é um produto genérico por assim dizer. O verdadeiro Resident Evil  está em algum lugar na geladeira da Capcom e tudo indica  que não o veremos por um bom tempo, não enquanto a ambição dos produtores por fazer um game basicamente popular os motivar a fazer  games como Resident Evil 6...

Nota: 3,0







domingo, 2 de dezembro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha – Critica

'Com grandes poderes veem grandes responsabilidades'. Sony, aprenda com o Tio Ben!

Por Wilma Emilia.




É difícil escrever sobre este novo Homem-Aranha sem comparar com a trilogia de Raimi, mas inevitavelmente comparando... É estranho sentir nostalgia em uma franquia que sofreu um reboot dez anos após a sua estreia - ainda mais quando o último filme deixou um gosto de quero mais. Por mais que Homem-Aranha 3 tenha tido as suas falhas grotescas ainda foi um filme capaz de emocionar no final - confesso que algumas lágrimas cairam na cena da morte de um certo personagem. Uma trilogia se encerrou mas outra poderia muito bem dar continuidade à saga do herói sem precisar de um reboot tão cedo. Aliás para que um reboot contando a origem do herói se até uma criança sabe como tudo aconteceu?
 
Esse é justamente o problema que o Espetacular Homem-Aranha teve que enfrentar. A necessidade de se desvincular de seus antecessores que estão tão frescos na memória de quem os assistiu fez com que realmente tudo mudasse. Nada aqui lembrará os filmes de Raimi, a atmosfera é mais densa, o clima mais sombrio, porém o resultado final deixa a desejar. Algumas coisas dos quadrinhos foram introduzidas como Gwen Stacy, a primeira namorada do herói, os lançadores de teia, o vilão Lagarto, e o Capitão Stacy, pai de Gwen, Norman Osborn, além do Tio ben e da Tia May. Esses elementos são um prato cheio para os fãs do aracnideo e talvez sejam capazes de confundi-los sobre a real qualidade da adaptação, mas a realidade é que por mais que tenha elementos fiéis aos quadrinhos e por mais que tenha se esforçado o filme falha em ser inovador, algo que teria que o ser por obrigação já que está à sombra dos filmes de Raimi.
 
 
 
Em o Espetacular Homem-Aranha somos apresentados à um Peter Parker   assombrado pelo trauma do desaparecimento misterioso de seus pais ainda quando criança, o que acaba por motivar a sua busca por respostas.  A sua busca o leva ao Dr. Kurt Connors, cientista que estuda  os efeitos da regeneração de células  em animais (aparentemente motivado pela sua própria deficiência) e que possui  uma ligação com os pais de Peter.  Coincidência ou não (sim!), as pistas deixadas pelos pais de Peter também o leva à Oscorp, empresa que financia os experimentos do Dr. Connors, onde o cientista também é pressionado a encontrar a cura de uma doença terminal para o fundador da Oscorp, Norman Osborn.  Coincidência ou não (yes!), Gwen Stacy, garota por quem Peter se sente atraido, é estagiária chefe na Oscorp.  Ao se infiltrar na Oscorp, a presença sem autorização de Peter passa despercebida por todos exceto...por Gwen Stacy  que por conhecê-lo faz vista grossa à presença do rapaz no local. Ao espionar um laboratório da Oscorp o rapaz acaba picado por uma aranha alterada geneticamente e pouco depois descobre que adquiriu habilidades semelhantes às das aranhas.  
 
 
Tudo na vida de Peter parece ter caído do céu, o garoto não é mais o azarado que pena para conseguir o seu lugar ao sol e sim o maior sortudo do mundo.  Até mesmo a idéia para a criação do uniforme parece ter caído do céu...não, minto, Peter caiu em cima da 'idéia'.  Não que as coincidências não existam na origem do herói nos quadrinhos(e até mesmo na origem do filme de Sam Raimi), mas se a idéia era tornar a origem verossímil, que ao menos passassem longe de coincidências.
Até que o problema das coincidências não se tornam tão graves diante da evolução de Peter no filme. O personagem carece de evolução porque já é uma pessoa forte por natureza desde o início do filme. A partir da morte do Tio Ben, que diferença fez quando ele se tornou o Homem-Aranha além das mudanças físicas?  O que mudou em sua personalidade, além do fato de ser um grande piadista quando veste a mascara?  E pior, em algumas piadas acaba parecendo um arrogante pretencioso. As piadas sempre foram uma característica do Homem-Aranha nos quadrinhos mas aqui algumas se tornam forçadas, e preciso dizer que me lembrou aquelas piadas infames dos Power Rangers( pelo fato destes também usarem mascaras eu acho).
Por falar em máscaras outra coisa irritante foi o fato de Peter ser visto a cada cinco segundos por qualquer cidadão de Nova York sem a mascara no filme, o que torna o ato de tirar a máscara (algo tão importante no mundo dos super-heróis), algo meramente banal. O vilão Lagarto - embora tivesse enorme potencial - acabou se tornando pouco memorável devido ao péssimo desenvolvimento do personagem.
O filme não foi um desastre total, visualmente (muito pouco em essência devido à todos os agravantes supracitados) este Homem-Aranha 'É' o Homem-Aranha dos quadrinhos. O uniforme diferente não estraga as poses arrojadas e dinâmicas características do herói nos quadrinhos. A ação eletrizante e os efeitos especiais são os melhores feitos para um filme do aracnídeo até hoje.  No quesito ação e diversão é um filme gostoso de ver.  Uma coisa que definitivamente irá agradar aos fãs é a existencia dos lançadores de teia, assessório que o Homem Aranha sempre usou nas histórias em quadrinhos. Os atores também estão bem e fazem o que podem diante de um roteiro cansativo e cheio de furos.
Como uma trilogia já foi confirmada, talvez os furos no roteiro façam algum sentido...ou não. Mas todo fã do teioso sabe que um acontecimento importantíssimo nos quadrinhos envolvendo a namorada de Peter, Gwen Stacy, provavelmente deva acontecer em algum dos dois filmes restantes, e que vale a pena aguardar pelas próximas continuações de O Espetacular Homem-Aranha...mas claro, dependendo de acertarem a mão nos roteiros vindouros da trilogia.

 O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-man).
Diretor: Marc Webb.
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field.
Duração: 137 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Ação
Nota: 3,5 (Três frames e meio)