quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge – Crítica


Por: Wilma Emilia
 
'Um herói pode ser qualquer um, mesmo um homem fazendo algo tão simples e reconfortante quanto colocar um casaco nos ombros de um menino para que ele saiba que o mundo não acabou.'
Em certo momento do filme, eis que alguém cita uma bela frase (e, por que não, uma bela homenagem), capaz de fazer qualquer um refletir sobre a importância dos verdadeiros heróis da vida real: o policial, o bombeiro, o médico, o professor, eu, você...até mesmo aquele de quem não se espera nada, até mesmo...um ladrão - nesse caso pode ser uma certa ladra.  E o fato de um herói em carne e osso citar essa frase, torna a mensagem épica e inesquecível. Um herói pode ser qualquer um, mas a tragédia conspirou para que Bruce Wayne se tornasse o Batman, um herói com o diferencial de usar armadura, tecnologia e técnicas de luta.
 
 
Em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman: The Dark Knight Rises), oito anos passaram-se após os eventos de Batman: O Cavaleiro das Trevas, onde o Batman passou a ser um foragido da justiça quando assumiu a culpa pelos crimes que o promotor Harvey Dent cometeu, após enlouquecer graças a um plano do vilão Coringa. Aposentando o seu alter-ego, Bruce Wayne passa a levar uma vida reclusa em sua própria mansão. Um novo vilão, Bane, surge, e Bruce se vê obrigado a voltar a agir como o Batman (para a nossa alegria). Bane  mostra a que veio logo no inicio do filme onde somos apresentados à todo o seu vigor, sua postura ameaçadora...e a toda a sua crueldade. Outra que dá as caras é uma personagem bem conhecida: Selina Kyle, vulgo Mulher-Gato. Embora não haja menção ao nome 'Mulher-Gato', com o couro preto, mascara e 'orelhinhas' é possível inferir quem seja a personagem. As novidades não param por aí e outros dois novos personagens com papéis importantes também dão o ar da graça: o policial John Blake e a milionária Miranda Tate. Aquele, paralelamente, tenta impedir que o plano de Bane de destruir Gotham obtenha êxito. Esta, um novo (e misterioso) interesse amoroso de Bruce Wayne. Porém é a relação conflituosa e ao mesmo tempo divertida entre Bruce Wayne e Selina Kyle que funciona perfeitamente no filme. Ver o medonho Batman totalmente desconcertado diante de uma Mulher-Gato ladra e sacana não tem preço. Um raro alívio cômico que funcionou muito bem no filme sem ofuscar a sua costumeira dramaticidade.
 
A trilha de Hans Zimer é estonteante e empolga toda vez que é tocada seja em cenas de ação, seja em cenas de teor mais dramático. A melodia que lembra uma marcha para a  guerra (presente em todos os filmes) dá o tom épico que o filme necessita. As cenas de ação,  embora as vezes não sejam tão espetaculares assim, acabam de fato se tornando devido a trilha avassaladora.
O elenco também está em perfeita sintonia. Christian Bale interpreta um Bruce Wayne que sofre com o peso de suas escolhas e de seu enclausuramento. Após oito anos sem atuar como o Batman, seu  vigor físico já não é mais o mesmo e parece que nem a sua astúcia. O que o deixa vulnerável aos 'encantos' de uma certa ladra por exemplo.  Bale entendeu que esse Bruce Wayne envelheceu e está fora de forma mas logo estaria em ação, e soube equilibrar a atuação nas diferentes fases da personagem. Todos queriam saber se a Mulher-Gato de Anne Hateway seria páreo para a lendária Mulher-Gato de Michele Pfeiffer de Batman: O Retorno e a resposta é: Digamos que a abordagem de Nolan explorou o lado mais interessante da mulher-gato: o lado ladra. Ao contrario da Selina Kyle de Batman: O Retorno que era muito mais 'Mulher-Gato'(vai me dizer que você não lembra que só o que ela sabia fazer com maestria no filme era lamber coisas?) do que qualquer outra coisa, o que descaracterizou um pouco a personagem. Em matéria de atuação eu diria que as duas estão em pé de igualdade por que ambas representaram os seus papéis de acordo com a realidade de seus filmes: Em Batman: O Retorno, o Diretor Tim Burton tornou o mundo do Batman fantasioso e caricato, enquanto o Diretor Christopher Nolan fez o mundo de seu Batman realista e sombrio. Michael Caine, ator que interpreta o mordomo Alfred é responsável pelos momentos mais emocionantes do filme. A relação Pai e filho entre o mordomo e o patrão é um dos pontos altos do longa. Morgan Freeman, reprisa o seu papel de Lucius Fox, fiel amigo de Bruce Wayne...e fornecedor do arsenal do Batman. A única que não parece ter entendido a essência de sua personagem foi a atriz Marion Cotilard. Sua personagem, Miranda Tate, passa por mudanças dramáticas no filme, no entanto (faça chuva ou faça sol) a fisionomia da atriz continua a mesma durante todo o filme.
 
É comum os últimos filmes de trilogias perderem o fôlego e decepcionarem, mas Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, encerra com chave de ouro a trilogia dirigida por Christopher Nolan. Nolan deu ao seu Batman um inicio, meio e fim perfeitamente plausíveis. Nos filmes da trilogia foram vistos desde filosofias ('Não é quem eu sou por dentro, mas o que eu faço que me define')à lições de vida('Por que caímos, Bruce? Para aprendermos a nos levantar!'), e ainda faz refletir sobre o papel de cada um na sociedade ('Um herói pode ser qualquer um, mesmo um homem fazendo algo tão simples e reconfortante quanto colocar um casaco nos ombros de um menino para que ele saiba que o mundo não acabou.').
 
O Batman não é somente alguém fantasiado. Por baixo da máscara e da armadura existe um homem com caráter e princípios. Um homem que passou a usar o medo para fazer justiça com as próprias mãos. A fantasia assustadora,  o codinome e a voz aterradora são essenciais para reforçar esse medo...e também a lenda.
 
Nota: Cinco frames (5,0)

Batman: O Cavaleiro das trevas resurge (Batman: The dark knight rises)
EUA , 2012 - 164 min.
Ação.
 
Direção: Christopher Nolan
Roteiro:
Christopher Nolan, Jonathan Nolan, David Goyer 
   
Elenco:
Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Michael Caine.